Brasilidade e conexão com a natureza
- Redação
- há 2 dias
- 5 min de leitura
Projeto de Maurício Arruda traz espaço com cores e personalidade que dialoga com a ancestralidade, o feito à mão e o contemporâneo
Projeto @mauricioarruda @todosarquitetura
Tinta oficial da CASACOR São Paulo, a Coral marca presença na edição 2025 com a Casa Coral – Cores no Parque, projeto assinado pelo arquiteto Maurício Arruda, sócio e diretor-criativo da TODOS Arquitetura, que completa 10 anos como criador de conteúdo da marca.
A natureza literalmente dá o tom nesse espaço idealizado para ser uma casa 100% brasileira, com uma paleta de cores exclusiva baseada em pigmentos da flora da Mata Atlântica.

Cor Areia de Canoa na sala. Foto @mauramello.fotografia
“Esta edição da CASACOR é um marco para nós. Estamos completando dez anos como a tinta oficial da mostra. Por isso, não poderíamos ter convidado outro arquiteto para realizar nosso projeto senão Maurício Arruda, com o qual celebramos também uma década de parceria e com quem compartilhamos essa grande aspiração de transformar a vida das pessoas por meio do poder das cores”, comenta Priscila Perez, gerente de Color Ativação Brasil de Tintas Decorativas da AkzoNobel, fabricante da Coral.

Na sala de jantar, paredes na cor Tâmara. Foto: @mauramello.fotografia
“Com a Casa Coral deste ano nos reconectamos com aquilo que temos de mais essencial: nossa conexão com a natureza, com a cultura e com as histórias que nos moldam. Traduzimos em cor a alma da casa brasileira, que é essencialmente afetiva, diversa, espontânea e cheia de vida. “Cada escolha nesse espaço valoriza nossas raízes, o talento dos nossos artistas e a celebração de sermos um povo criativo que mistura formas, texturas e emoções com despojamento e beleza”, completa.

Pórticos coloridos entre os ambientes e muito artesanato brasileiro. Foto: @mauramello.fotografia
Paleta inspiradora
A diversificada vegetação no entorno do casarão que abriga a mostra, incluindo aroeiras, angicos e jacarandás, remetem a uma floresta bem conhecida da Coral, a Reserva Coral Tangará. Ela está localizada na planta da AkzoNobel em Mauá (SP), uma área de conservação de 700.000 m2 de Mata Atlântica, rica em biodiversidade, com mais de 150 espécies de fauna catalogada.
Dessa grata coincidência, surgiu a ideia de se inspirar nas plantas tintoriais da Mata Atlântica para criar a paleta de cores da Casa Coral e o convite para a designer Maibe Maroccolo, que pesquisa há 10 anos pigmentos produzidos a partir de amostras de troncos, sementes, flores, frutos e folhagem, para colaborar na coleção de cores. Ao todo, foram identificadas 20 plantas – todas já estudadas por Maibe – e, a partir delas, com a curadoria da Coral, nasceu uma paleta de 60 cores. Dessas, dez foram escolhidas para compor e harmonizar os ambientes. “É um projeto em que as cores são realmente protagonistas, despertando diversas sensações”, conta Maurício.

A cozinha, cheia de cores e divertida, inspira brasilidade. O backsplash de listras combina os mármores Vitória Régia e Branco Paraná, ambos em acabamento polido. Foto: @mauramello.fotografia
Uma casa 100% brasileira
Os 180m² do projeto estão distribuídos entre hall, sala de jantar, estar, cozinha, quarto e banho. Janelas, portas e tacos do prédio histórico foram restaurados para preservar e respeitar a história do edifício construído na década de 1940. Cada cômodo recebe uma cor predominante e, juntas, formam uma casa bem colorida e calorosa, como o arquiteto define “a verdadeira casa brasileira”.
No Hall de entrada um novo produto pode ser visto na cor Castanha Ribeirinha. Permeando todos os ambientes, rodapés na terracota Fogão de Lenha. Na sala de jantar, a cor é o neutro amarronzado Tâmara. No living, Areia de Canoa. Na cozinha, o amarelo-esverdeado Jangadeiro e o Bege Amuleto. No quarto, a tonalidade é o neutro e aconchegante Vista da Cidade; e no banheiro, o amarelo Linhaça, mostrando que a tinta pode conviver harmoniosamente com revestimento cerâmico e papel de parede. Os pórticos também se destacam pelas cores: na cozinha, são no tom violeta Púrpura Marroquina. Já o da sala de jantar foi pintado com Fogão de Lenha; e o do banheiro, com Ocre Profundo.

Nas paredes do quarto, o aconchegante Vista da Cidade. Foto: @mauramello.fotografia

Foto: @denilsonmachadomca
Para que os visitantes possam experienciar as diferentes nuances das cores e luminosidade ao longo do dia, as persianas blackout automatizadas de todo o espaço serão fechadas por alguns minutos em todas as horas cheias, durante o horário de visitação da mostra.
Valorizando o artesanal e o design brasileiro
O Brasil que Maurício Arruda acredita é genuinamente maximalista e diverso. Nele, as cerâmicas de barro de Tracunhaém convivem em harmonia com o mobiliário modernista e o design nacional contemporâneo, marcadamente experimental. As escolhas para o projeto refletem a tríade que, comenta Maurício, não pode faltar na casa brasileira: design contemporâneo, garimpo e arte/artesanato. “O artesanato brasileiro merece o maior destaque na casa porque sua qualidade e história são motivos de muito orgulho”, analisa.

No quarto, estante vintage garimpada pela Casa Teo e cadeira vermelha do Estúdio Latino de Design. Foto: @mauramello.fotografia
Um time de peso foi escalado para rechear a casa de design: Humberto da Mata, Gustavo Bittencourt, Ana Neute, Felipe Zorzetto, Tiago Curioni, Estúdio Latino, Rafael Gomes, Um Design Studio, Cristiana Bertolucci, Studio Rain, Felipe Ávila, Bruno Jahara, Estúdio Florentino, Valdomiro Favoreto, Jacque Faus, Estúdio Camarotti, A. Porta Design e Alva Design.

Poltrona Atlântica, criação de Maurício Arruda, para a Líder Interiores. Foto @denilsonmachadomca
Os ambientes contam com móveis da Líder Interiores, com destaque para a nova criação de Maurício Arruda para a marca: a poltrona Atlântica. Inspirada em seus momentos de leitura em sua nova casa no Rio de Janeiro, a peça foi desenhada pelo arquiteto para ser perfeita para esse ritual — com encosto de cabeça e apoio para os pés no estilo Jangada e Mole.
Entre os móveis vintage, destaca-se o sofá Tonico, de Sergio Rodrigues, que traduz bem a informalidade e o jeito brasileiro de morar. Também estão no projeto poltronas de Geraldo de Barros, mesa com azulejos de Athos Bulcão e cadeiras de cipó de Carlo Hauner, todas garimpadas pessoalmente por Maurício para sua loja MAU.



A sala de banho recebeu a cor Linhaça, da Coral. A bancada de pedra natural Amarelo Macaúba abriga louças e metais da Deca. A personalidade do ambiente é reforçada por obras de artistas, como o papel de parede “Carnaval”, de Bozó Bacamarte para a Branco Casa, o quadro de Francisco da Silva, a fotografia “Assis Carrão”, de Bruno Jungmann, e a “Cabeça de Profeta”, do Mestre Nicola, que evocam a riqueza cultural brasileira. Fotos: @mauramello.fotografia
Estão presentes, ainda, o lustre de piaçava do artesão Israel, a luminária do Vavan, esculturas dos mestres Véio, Francisco Graciano e Nicola, que evidenciam a riqueza, criatividade, resiliência e talento desses artistas. Um tapete de 20m² de sisal feito à mão no interior do Ceará foi confeccionado especialmente para o espaço. Na cozinha, uma coleção de esculturas de galinhas promete roubar a cena.
Entre as obras de arte, a curadoria prioriza artistas negros, como Santídio Pereira, que compõe a sala de estar. Também participam Manuela Navas, Rafael Pereira, Anderson Borba, Gabriella Marinho, Fernanda Gomes dos Santos, Chico da Silva e Aurelino dos Santos.

Foto: @denilsonmachadomca
Comments