A estrela do ambiente em tons terrosos é a parede curva de taipa, além da estante multifuncional com nove metros lineares
Fotos @mca_estudio
A Casa Taipa assinada pelo arquiteto Leandro Neves, do @studioleandroneves, na Casacor Rio é, como o próprio nome sugere, um loft de 110m2 que traz em sua base projetual uma paleta cromática terrosa combinada com elementos naturais, especialmente a terra, dentro de uma abordagem contemporânea.
A taipa de mão - processo que utiliza barro amassado para preencher os espaços criados por uma espécie de gradeamento – reveste a única parede curva do espaço, erguida para delimitar a área de dormir e o banheiro e, ao mesmo tempo, funcionar como um grande painel artístico, executado pelo escritório @materiabase. “Na história, as paredes de taipa eram sinônimo de moradias de população de baixa renda. Em nosso loft, esta técnica antiga ganha status de luxo e nos convida a refletir sobre a viabilidade de uso de materiais simples, artesanais e de baixo impacto ambiental nos lares de hoje”, diz Leandro.
Também com a intenção de valorizar o feito à mão e os pequenos produtores locais, a escolha do mobiliário priorizou peças assinadas por designers, marceneiros e artistas cariocas, produzidas em suas oficinas e ateliês a partir de madeiras certificadas ou de reuso, ou seja, que não agridem a natureza.
Entre os cariocas contemplados pela curadoria do arquiteto, figuram Gustavo Bittencourt (poltrona Marfim, mesa Estrado e mesa Calo), Felipe Madeira (mesa Viga, poltrona Dio, cadeira Lina e cadeira Cassa), Pedro Galaso (mesa Fragmento e cadeira Jorge), Ricardo Graham/O Ebanista (poltrona Recordar) e Vinícius Schmidt, do Estúdio Simbiose (mancebo Mastro e cadeira Pipa).
Já as luminárias decorativas são de Waldir Júnior e a seleção de obras de arte inclui criações de artistas consagrados, como Jorge Mayet, Brígida Baltar, Felippe Sabino, Gisele Camargo, Rodrigo Andrade, Franz Krajcberg e Irmãos Campana, além de pinturas e fotografias autorais do próprio arquiteto, expostas no quarto e no banheiro.
Alguns objetos sem valor ou utilidade também nortearam a produção visual da Casa Taipa, assinada pelo @studiojeffersonstunner. Ao invés de lançar mão de adornos das grandes lojas de decoração, foram usados, por exemplo, livros antigos garimpados em sebos e cerca de 120 garrafas de vidro transparente para preencher os 20 nichos superiores da estante linear. “Em cada nicho colocamos uma planta nativa ‘solitária’ para sinalizar aos visitantes que a humanidade ainda pode plantar o mundo de amanhã”, explica Leandro.
Outro destaque da Casa Taipa são as marcenarias desenhadas pelo arquiteto e executadas no padrão amadeirado Sequoia, lançamento da @casttinirecreio em primeira mão na CasaCor, com superfície em tons terrosos e avermelhados, com textura agradável ao toque. “Além de criar espaços de armazenamento, as marcenarias cumprem o papel de setorizar ambientes que são integrados, mantendo uma unidade visual entre eles”, diz o arquiteto.
Repare que um único bloco de marcenaria (ou estante multifuncional) se estende por toda a parede principal do loft, desde a entrada até a janela, assumindo diferentes funções ao longo de quase nove metros lineares: escritório junto ao acesso, cozinha ao centro e jantar na parte final.
Na altura da cozinha, o arquiteto projetou ainda uma ilha de cocção com cantos arredondados. Já o ambiente de estar é delimitado visualmente por um sofá de quatro módulos que acompanham a forma circular do tapete, enquanto, no quarto, se destacam a cama com estrutura estofada, a poltrona de leitura e a luminária de piso “abraçadas” por um grande tapete de fibras naturais, que traz aconchego ao cômodo. Por fim, o banheiro integrado ao dormitório conta com um pequeno spa de relaxamento “envidraçado”, que mantém o chuveiro e a bacia sanitária em uma área reservada e a banheira sobreposta ao piso voltada tanto para o dormitório como o paisagismo externo.
Para reforçar a brasilidade do projeto e sua conexão com a natureza, o arquiteto revestiu o piso e algumas paredes do loft com cerâmicas de pequeno formato da linha Maracangalha (da Portinari) e aplicou nas paredes restantes uma textura rústica (da Coral) na cor Calcário, com tonalidade neutra quente. “O paisagismo aparece no loft em três momentos. Logo na entrada, a escultura do Mayet representa a natureza ‘morta’ sendo retirada da terra. Atrás do sofá, o paisagismo seco é resultado da intervenção do homem na natureza. Ao fundo da sala e do banheiro, o paisagismo tropical traz esperança, pois simboliza a capacidade da natureza de se regenerar”, finaliza o arquiteto Leandro Neves.
Principais fornecedores do projeto:
@acordacasa
@galeriainox
@estudiofelipemadeira
@studiopedrogalaso
@siltobras
@oebanista
@esimbiose
@ovoo_rio
@juniorgregojr
@ceramicaportinari
@tintascoral
@casajuliotapetes
@waldirjunior
@juliosousa_paisagista
@cristaluxiluminacao
@materiabase
@casttinirecreio
@casttinioficial
@sttillorio
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